À Bolina

sábado, janeiro 22, 2005

Velhos papeis II

Mais interrogações de adolescente...

"E a nossa vida? Porque corre sempre de maneira diferente do que realmente queremos???
A nossa vontade é sempre passada para 2º lugar, passamos a vida atrás de objectivos sucessivos, como se ao alcança-los obtivéssemos a gloria suprema, mas esses objectivos vão-se desvanecendo entre a neblina que rodeia o nosso mundo, e a nossa vontade de alcançar o dito objectivo, sofre sempre um ligeiro desvio, por influência de algo ou alguém que quer tomar o nosso lugar, por inveja ou simplesmente pela ganância de alcançar o bem alheio.
Este desviar de caminhos e rotas por onde deveríamos seguir em busca do “sonho” acontece a nível profissional e social ao longo da nossa história enquanto seres humanos, mas é a nível sentimental que esses pequenos desvios nos vão marcando mais. E essa história já está escrita??? Seremos meros personagens de uma qualquer fábula ou somos nós que a criamos à medida que vamos vivendo???
Se seguíssemos apenas os impulsos do nosso coração, o chamado instinto animal, que foge a todo e qualquer pedaço de racionalidade e faz a escolha entre o certo e o errado, entre o seguir ou não seguir, apenas e só mediante a vontade e o sentir do indivíduo... não seria tudo mais fácil???
Porque insistimos em racionalizar sentimentos puros e verdadeiros, pedindo à nossa mente a responsabilidade de controlar o incontrolável, o que mesmo aos olhos de outros parece errado, está certo, pois o nosso coração assim nos diz... É ele, o único que nos é realmente verdadeiro, é ele que nunca se deixa influenciar por opiniões ou o “diz que disse” de alguém que apenas opina sobre a nossa vida, julgando-se senhor da verdade absoluta das coisas.
Dizem-me que se o fizéssemos, se seguíssemos apenas o nosso instinto, estaríamos a voltar à idade da pedra, eu não acho... Que piada há em não podermos comer um gelado, com medo que nos digam que estamos gordos, ou que gozo dá andarmos com a roupa que está na moda, apenas para parecermos bem aos olhos dos outros que nos rodeiam. E porque não seguimos o impulso da paixão quando o nosso olhar toca outro na escuridão da noite, porque nos agarramos à rede, com que a sociedade nos prende. O ser politicamente correcto ou o não poder agir de forma natural com medo que nos possam apontar...
E que direito têm as pessoas de nos julgar??? Quem pensam ser para apontar defeitos e erros nos outros, se quando estão perante situações idênticas também não as resolvem... Que vício humano é este? Que gozo sentem as pessoas ao julgarem os outros como se detivessem o poder absoluto... E a mesquinhez humana é tal, que os rumores correm de boca em boca à velocidade da luz, o “diz que disse do vizinho do tio do avô”, que mais parece desporto nacional, passa de simples rumor a verdade absoluta e ganha força à medida que passa, tornando-se uma arma de arremesso para quem nos quer atingir. Diz o povo com razão, quem tem telhados de vidro não atira pedras ao ar... Mas a sabedoria popular é ultrapassada pela ignorância e maldade humana, que apenas sente felicidade com a tristeza alheia.
No meio deste mundo que me prende, será que não tenho uma missão a cumprir??? Acredito que sim... E para já, acredito na minha missão... Não é ser alguém famoso, ou ser reconhecido por este ou aquele cargo, trabalho ou condição social, não... Acredito que a minha missão é fazer o “outro” sorrir, aquele que está a meu lado, a pessoa que passa por mim na rua, que partilha comigo o autocarro, o policia, o padeiro, a vendedora, alguém... Mas, acima de tudo, dedico a minha vida a fazer sorrir aqueles que me são mais queridos, que estão cá dentro junto ao meu coração... e se te vejo esboçar um sorriso, sei que cumpro mais um pouco da minha missão neste mundo... E dá-me força para encarar mais uma hora, mais um dia, mais um ano, porque sei que sorris... e ao ver-te feliz eu sou feliz!!!"
Outubro 1997
p.s.-> Acreditava na minha missão então e continuo a acreditar hoje...