Velhos Papeis VI
O nada
Como o nada me encanta e me seduz
Rogo a ti ser, deslumbra o meu sorriso, o nosso olhar.
Em meu redor giram olhares enganadores, porém,
Já não os sinto – não os vejo afinal!
Rodopiam as palavras mestras da língua,
Envolvem-se os segredos em torno do enredo
Dou cor por entre pinceis desordenados
Sem grande preocupação liberto-me no silêncio
E vagueio pelas ruas já tão gastas
Por aqueles corpos que se arrastam sonoramente
E domam um sorriso falso
Ilustram-se promessas concretas de um mundo tão indefinido
Fujo...filtro-me por entre as pedras da calçada, subo aos céus,
Vou até às profundezas dos oceanos, mas fujo!!!
Passo por entre vós que não sentem o silêncio
Oiço a vossa voz... A voz do mundo.
Palavras e palavras sobrepõem uma ideia e outra e ainda mais outra
E no fim sempre oiço... acabou!
Restou o vazio…
Onde sou nada… E tudo!
Janeiro 2000