À Bolina

terça-feira, junho 07, 2005

Velhos Papeis VI

O nada

Como o nada me encanta e me seduz
Rogo a ti ser, deslumbra o meu sorriso, o nosso olhar.
Em meu redor giram olhares enganadores, porém,
Já não os sinto – não os vejo afinal!

Rodopiam as palavras mestras da língua,
Envolvem-se os segredos em torno do enredo
Dou cor por entre pinceis desordenados
Sem grande preocupação liberto-me no silêncio
E vagueio pelas ruas já tão gastas
Por aqueles corpos que se arrastam sonoramente
E domam um sorriso falso

Ilustram-se promessas concretas de um mundo tão indefinido
Fujo...filtro-me por entre as pedras da calçada, subo aos céus,
Vou até às profundezas dos oceanos, mas fujo!!!

Passo por entre vós que não sentem o silêncio
Oiço a vossa voz... A voz do mundo.
Palavras e palavras sobrepõem uma ideia e outra e ainda mais outra
E no fim sempre oiço... acabou!
Restou o vazio…

Onde sou nada… E tudo!


Janeiro 2000