À Bolina

quarta-feira, maio 04, 2005

Velhos papeis V

"Diz-nos a psicologia humana que quando vemos uma pessoa pela primeira vez, essa imagem ficará para sempre gravada e irá influenciar tudo o que pensamos em relação a essa pessoa no futuro.

Essa opinião poderá vir a ser alterada, mas neste primeiro julgamento e nos seguintes, voltamos à mesma problemática... quem somos para julgar os outros?
E quem nos diz, que os códigos pelos quais nos regemos para fundamentar e justificar esses juízos são os mais correctos... Será por também nós, aos olhos dos outros, sermos igualmente julgados por esses mesmos códigos???

Diz-se que cada cabeça sua sentença. Mas se virmos bem, não é assim... Muitas vezes mudamos a nossa maneira de pensar ou agir em função do cinismo e hipocrisia do socialmente correcto. E que mania temos nós de justificarmos os nossos erros, com os erros dos outros... Pensa o humanóide-sábio (melhor dizendo “Sabão”) “Se eles roubam por que não posso fazer o mesmo???” Ou os rapazinhos que apanham a primeira “Buba” quando saem com os amigos. “Eh, mãe... bebi uns copos porque eles também estavam a beber...” E continuamos a ser levados na enxurrada de estupidez alheia, mesmo quando essa corrente lamacenta e podre nos arrasta para caminhos perigosos e em tudo prejudiciais a nós próprios. Mas não importa... eles também fazem...

E na fogueira do sentir.... na amálgama de emoções e sentimentos que nos confundem, que direito temos de controlar a pessoa que está ao nosso lado??? Se nascemos sãos, livres de pensar, falar (por vezes demais), agir e sentir, porque insistimos em retirar todos esses direitos a alguém que nos é tão querido??? Egoísmo... puro e simples! Esquecemo-nos da pessoa tal como ela é... LIVRE! E tornamo-la escrava da nossa própria vontade, moldando-a ao sabor dos nossos caprichos... Amar alguém ou gostar de alguém, não é ter a pessoa junto a nós, bem amestrada, sempre pronta a satisfazer os nossos caprichos... não!
Amar é aceitar a pessoa tal como ela é, ajudá-la a levantar quando cai, fazê-la sorrir quando está triste ou simplesmente...estar! Estar lá quando é preciso e dizer presente!"


Julho 1999