À Bolina

sábado, janeiro 22, 2005

Velhos papeis III

Depois de interrogações em prosa... interrogações em verso!

"Porque sonhas, se tu queres viver...
Porque vives, se queres sentir...
Porque sentes, quando queres prender...
Porque prendes, quando queres soltar...
Porque soltas, se podes voar...
Porque voas, se podes andar...
Porque andas, se queres partir...
Porque partes, se queres ficar...
Porque ficas, se podes falar...
Porque falas, se podes escrever...
Porque escreves, quando precisas gritar...
Porque gritas, mas queres calar...
Porque calas, quando queres chorar...
Porque choras, se podes sorrir...
Porque sorris, quando queres mostrar...
Porque mostras, quando queres esconder...
Porque escondes, quando dizes gostar...
Porque gostas, se tu queres amar...
Porque amas, se não queres sentir...
Porque não sentes, quando ficas a olhar...
Porque olhas, se queres ter...
E porque tens, quando podes sonhar..."


Fevereiro 1999

Velhos papeis II

Mais interrogações de adolescente...

"E a nossa vida? Porque corre sempre de maneira diferente do que realmente queremos???
A nossa vontade é sempre passada para 2º lugar, passamos a vida atrás de objectivos sucessivos, como se ao alcança-los obtivéssemos a gloria suprema, mas esses objectivos vão-se desvanecendo entre a neblina que rodeia o nosso mundo, e a nossa vontade de alcançar o dito objectivo, sofre sempre um ligeiro desvio, por influência de algo ou alguém que quer tomar o nosso lugar, por inveja ou simplesmente pela ganância de alcançar o bem alheio.
Este desviar de caminhos e rotas por onde deveríamos seguir em busca do “sonho” acontece a nível profissional e social ao longo da nossa história enquanto seres humanos, mas é a nível sentimental que esses pequenos desvios nos vão marcando mais. E essa história já está escrita??? Seremos meros personagens de uma qualquer fábula ou somos nós que a criamos à medida que vamos vivendo???
Se seguíssemos apenas os impulsos do nosso coração, o chamado instinto animal, que foge a todo e qualquer pedaço de racionalidade e faz a escolha entre o certo e o errado, entre o seguir ou não seguir, apenas e só mediante a vontade e o sentir do indivíduo... não seria tudo mais fácil???
Porque insistimos em racionalizar sentimentos puros e verdadeiros, pedindo à nossa mente a responsabilidade de controlar o incontrolável, o que mesmo aos olhos de outros parece errado, está certo, pois o nosso coração assim nos diz... É ele, o único que nos é realmente verdadeiro, é ele que nunca se deixa influenciar por opiniões ou o “diz que disse” de alguém que apenas opina sobre a nossa vida, julgando-se senhor da verdade absoluta das coisas.
Dizem-me que se o fizéssemos, se seguíssemos apenas o nosso instinto, estaríamos a voltar à idade da pedra, eu não acho... Que piada há em não podermos comer um gelado, com medo que nos digam que estamos gordos, ou que gozo dá andarmos com a roupa que está na moda, apenas para parecermos bem aos olhos dos outros que nos rodeiam. E porque não seguimos o impulso da paixão quando o nosso olhar toca outro na escuridão da noite, porque nos agarramos à rede, com que a sociedade nos prende. O ser politicamente correcto ou o não poder agir de forma natural com medo que nos possam apontar...
E que direito têm as pessoas de nos julgar??? Quem pensam ser para apontar defeitos e erros nos outros, se quando estão perante situações idênticas também não as resolvem... Que vício humano é este? Que gozo sentem as pessoas ao julgarem os outros como se detivessem o poder absoluto... E a mesquinhez humana é tal, que os rumores correm de boca em boca à velocidade da luz, o “diz que disse do vizinho do tio do avô”, que mais parece desporto nacional, passa de simples rumor a verdade absoluta e ganha força à medida que passa, tornando-se uma arma de arremesso para quem nos quer atingir. Diz o povo com razão, quem tem telhados de vidro não atira pedras ao ar... Mas a sabedoria popular é ultrapassada pela ignorância e maldade humana, que apenas sente felicidade com a tristeza alheia.
No meio deste mundo que me prende, será que não tenho uma missão a cumprir??? Acredito que sim... E para já, acredito na minha missão... Não é ser alguém famoso, ou ser reconhecido por este ou aquele cargo, trabalho ou condição social, não... Acredito que a minha missão é fazer o “outro” sorrir, aquele que está a meu lado, a pessoa que passa por mim na rua, que partilha comigo o autocarro, o policia, o padeiro, a vendedora, alguém... Mas, acima de tudo, dedico a minha vida a fazer sorrir aqueles que me são mais queridos, que estão cá dentro junto ao meu coração... e se te vejo esboçar um sorriso, sei que cumpro mais um pouco da minha missão neste mundo... E dá-me força para encarar mais uma hora, mais um dia, mais um ano, porque sei que sorris... e ao ver-te feliz eu sou feliz!!!"
Outubro 1997
p.s.-> Acreditava na minha missão então e continuo a acreditar hoje...

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Velhos papeis I

Houve um tempo em que a escrita corria solta na ponta azul de uma qualquer caneta e a folha branca era o refúgio final dos meus pensamentos.
Hoje é na tela, branca, de um computador que deixo à solta os "anjos e demónios" que vagueiam na minha mente...
Há pouco tempo encontrei algumas folhas perdidas, pedaços de sentimentos vividos um dia à flor da pele. Com o distanciamento dos anos que já não voltam, releio essas folhas gastas e ainda sinto, por breves instantes, os sentimentos passados para a folha alva, no silêncio do meu quarto.
Porque é importante lembrarmos quem fomos para sabermos quem somos, passo agora para a tela a "enxurrada" de sentimentos inocentes de outrora...

"Porque somos como somos??? Que raio de genética é esta que te faz ser preto, branco, amarelo, moreno de olhos verdes, ou loiro de olhos azuis, sobrancelhas mais ou menos cerradas, com mais ou menos peso...
E no sentir, quem escolhe que sejas mais ou menos apaixonado, que sejas afável, impaciente, possessivo, desinteressado... A quem devo pedir contas de ser como sou??? Quem decidiu que eu fosse tal como sou??? Certamente não eu! Não que não goste de ser como sou, ou que me importe com o que possam pensar daquilo que sou, não é isso, mas gostaria de ter o poder de mudar, de ser outra pessoa...
Para fugir de mim, da minha existência e de toda a mesquinhez humana ao meu redor. Mas talvez ao ser outra pessoa, caísse de novo na teia... na teia que nos prende e da qual tentamos incessantemente escapar, procurando ser diferentes da multidão que nos rodeia, sem no entanto o conseguir...
Talvez se fosse água, onda, maré que vagueia pelo mundo a fora, apenas com a força do vento como companhia, abraçando novos territórios, beijando novas praias e adormecendo na sua lenta caminhada, sob as estrelas guardiãs dos sonhos... Talvez aí fosse diferente…"
Setembro 1997

Porque o Amor não se conta... Sente-se!

Faz hoje dois anos que iniciei a viagem à redescoberta do verdadeiro significado da palavra Amor.
Quero seguir viagem a teu lado, perder-me para sempre nas profundezas do teu olhar, abraçar o calor do teu corpo e descobrir, todos os dias, mais um pouco do meu Amor por ti.
Obrigado por existires, meu amor.

Marco as horas que fogem do meu ser,
As mesmas horas que me separam de partir
Rasgo o silêncio num gesto mudo,
Invade-me a alma uma imagem de ti
Navego em sonhos que preenchem o meu ser
Até chegares junto de mim.

Repito trilhos tantas vezes já pisados
Ando à deriva num mar tantas vezes já cruzado
Quero sair, partir, fugir para
Um lugar desconhecido
E poder viver, sonhar, amar
Lá, nesse lugar.

Desvio o olhar por um segundo
E enfrento os meus medos sem pensar

Conquisto o meu espaço, o meu lugar e
Acordo de mais um sonho já sonhado
Sem sombra de lembrança, já esquecido.
Tu! Que trazes as estrelas no olhar,
Reinventas o desejo de amar, me aprisionas e
Obrigas a sonhar.

Forte feitiço o que trazes no olhar,
Reacendes a paixão num gesto simples e
Inibes os meus sentidos no sabor da tua pele.
Anseio por te encontrar, tocar, beijar,
Caminho sem rumo a procurar
A tua imagem à luz do luar
Sem conseguir alcançar-te.

Passo a correr as memórias já vividas
Anseio por um mundo a descobrir
Uma vida que me falta construir
Longe daqui, longe de mim
Onde te vi, e amei!


AMO-TE!

O barco finalmente se faz ao mar

Há muito que o barco estava pronto para seguir viagem, mas o homem do leme não...
Agora, é tempo de me deixar levar entre ventos e marés, pensamentos, memórias, imagens e sonhos que me assaltam na voragem dos sentidos...
É tempo de soltar amarras e me fazer ao mar com a vontade de descobrir novas terras e lugares, novas praias não no mundo.... mas em mim.